03 janeiro 2012

O teste do mestre

 


Ano Novo, vida nova, muitas esperanças, determinações e, ainda, Ano do Dragão (forte!!!).
Então,  nada como começar com um conto:

"O teste do mestre"


"Estou fraco e pobre", disse, um dia, o mestre aos seus discípulos. “Vocês, no entanto, são jovens. Eu ensino vocês. Portanto, é seu dever arrumar dinheiro para que seu velho professor possa viver”.

“Como podemos fazer isso?”, perguntaram seus discípulos. “As pessoas desta cidade são tão pouco generosas que, se pedíssemos ajuda, seria em vão”.

“Meus filhos”, replicou o professor, “existe uma forma de ganhar dinheiro, sem pedir: tomando. Não seria pecado roubar, porque merecemos o dinheiro mais do que os outros. Infelizmente, sou velho e fraco demais para fazê-lo”.

“Somos jovens”. Responderam os pupilos; “podemos fazê-lo. Não há nada que não faríamos pelo senhor, prezado mestre. Diga-nos como fazer e obedeceremos”.

“Jovens vocês são”, disse o mestre; “não seria nada para vocês pegar a bolsa de um homem rido. Façam assim: Escolham um canto silencioso, onde ninguém esteja vigiando. Então, agarrem um transeunte e tomem seu dinheiro, mas não lhe façam mal”.

“Iremos agora mesmo”, disseram os discípulos, exceto um, que tinha ficado em silencio, olhando para o chão.

O professor olhou para o jovem e disse: “Meus outros pupilos são corajosos e querem ajudar, mas você pouco se importa com o sofrimento de seu mestre”.

“Perdoe-me, mestre”, replicou o jovem, “mas o plano que o senhor explicou parece-me impossível; esta ‘;e a razão do meu silencio”.

“Por que, impossível?”, indagou o mestre.

“Porque não existe um lugar onde ninguém esteja vigiando”, respondeu o aluno. “Mesmo quando estou quieto sozinho, meu ser está vigiando. Preferiria pegar uma bacia e mendigar, a permitir que meu ser me visse roubando”.

Com essas palavras o rosto do mestre iluminou-se de alegria. Ele pegou o jovem pupilo em seus braços e abraçou-o.

“Fico feliz se um entre meus discípulos compreendeu minhas palavras”, disse.

Os outros, compreendendo que seu mestre tivera a intenção de testá-los, abaixaram a cabeça, envergonhados.

Depois daquele dia, toda vez que um pensamento pouco nobre lhes vinha à mente, eles lembravam as palavras de seu colega: “Meu ser está vigiando”.

Dessa forma, tornaram-se grandes homens, e todos viveram felizes para sempre.


“Contos Jataka”- Recontado por Noor Inayat Khan – Editora Odysseus, 2003.


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